A pesca esportiva é uma atividade que desperta paixões e controvérsias. Enquanto muitos a consideram um esporte emocionante e até benéfico para a conservação, outros argumentam que a pesca esportiva é ruim, pois causa sofrimento desnecessário aos peixes.

Além disso, há quem acredite que essa prática pode ter impactos negativos nos ecossistemas aquáticos.

Este artigo examina os principais argumentos contra a prática, considerando as razões pelas quais alguns acreditam que a pesca esportiva é ruim, buscando uma visão equilibrada sobre o tema.

O Sofrimento dos Peixes

Um dos principais pontos levantados pelos críticos da prática é o sofrimento causado aos peixes. Para eles, a pesca esportiva é ruim, pois, quando fisgado, o peixe experimenta níveis elevados de estresse e dor.

O anzol perfura tecidos sensíveis da boca ou outras partes do corpo, causando ferimentos. Durante a luta para escapar, o peixe gasta enormes quantidades de energia, ficando exausto.

Além disso, ao ser retirado da água, o peixe sofre com a falta de oxigênio, o que pode causar danos aos órgãos internos.

O manuseio pelo pescador também pode remover a camada protetora de muco do peixe, deixando-o mais vulnerável a infecções.

Mesmo quando devolvido à água, o peixe pode morrer posteriormente devido aos ferimentos ou ao estresse sofrido.

Impactos nos Ecossistemas

Outro argumento contrário à prática é o possível desequilíbrio ambiental, levando alguns a acreditar que a pesca esportiva é ruim pelos potenciais impactos negativos nos ecossistemas aquáticos.

A remoção repetida de peixes maiores e mais velhos de uma população pode afetar a estrutura etária e o equilíbrio do ecossistema. Esses peixes geralmente são os mais importantes para a reprodução.

Há também o problema do lixo deixado pelos pescadores, como linhas e anzóis perdidos, que podem ferir ou matar outros animais aquáticos.

A presença constante de pescadores em determinadas áreas pode perturbar habitats sensíveis e afetar o comportamento natural dos peixes.

Questões Éticas

Do ponto de vista ético, muitos questionam se é moralmente aceitável causar sofrimento a um animal apenas por diversão ou esporte.

Argumenta-se que existem muitas outras formas de se conectar com a natureza e experimentar emoções sem necessariamente causar danos a outros seres vivos.

A bióloga Angela Kuczach destaca que “os peixes são devolvidos com vida ao seu habitat, mas com sequelas, anzóis e apetrechos que algumas vezes ficam presos, o que pode, em muitos casos, levar à morte”. Ela também menciona que peixes de águas escuras podem ficar cegos quando expostos à luz solar durante a captura.

O historiador Keith Thomas argumenta que a visão dos animais como seres inferiores, que podem ser explorados para o prazer humano, tem raízes profundas na teologia cristã e na cultura ocidental. Essa mentalidade estaria por trás da aceitação social de práticas como a pesca esportiva.

Questões Legais

Alguns críticos defendem que a pesca esportiva é ruim a ponto de poder ser enquadrada como crime de maus-tratos aos animais.

O artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei n.º 9.605/1998) considera crime “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres”. Um anzol na boca de um peixe não seria uma forma de ferir um animal silvestre?

Outros Pontos de Vista

Por outro lado, defensores da pesca esportiva argumentam que, quando praticada de forma responsável, ela pode ter aspectos positivos.

Eles afirmam que pescadores esportivos tendem a se tornar defensores da conservação dos ecossistemas aquáticos, pois têm interesse na manutenção de populações saudáveis de peixes.

Além disso, a pesca esportiva gera receitas significativas para muitas comunidades, especialmente em áreas rurais ou costeiras.

No Brasil, é considerada atualmente o segundo maior esporte em número de praticantes, movimentando um setor econômico importante.

Pesquisadores como Eduardo Makoto Onaka, do Instituto de Pesca de São Paulo, argumentam que, com equipamentos e técnicas adequadas, é possível minimizar os danos aos peixes.

Ele destaca a importância de usar equipamentos proporcionais ao tamanho do peixe e realizar a soltura de forma rápida e cuidadosa.

Pesca Esportiva é Ruim?

Embora existam preocupações legítimas sobre o bem-estar dos peixes e os impactos ambientais, é importante reconhecer que, apesar das críticas de que a pesca esportiva é ruim, quando praticada com consciência e responsabilidade, pode apresentar aspectos positivos.

Ela gera empregos, movimenta a economia local em muitas regiões e pode promover a conservação de ecossistemas aquáticos.

Além disso, a pesca esportiva oferece benefícios para a saúde física e mental de seus praticantes. É uma atividade que promove o contato com a natureza, reduz o estresse e pode melhorar o bem-estar geral.

O caminho para uma pesca esportiva mais ética e sustentável passa pela educação dos pescadores, pelo desenvolvimento de equipamentos e técnicas menos danosos, pela implementação de regulamentações adequadas e pelo monitoramento científico dos impactos nas populações de peixes.

Em conclusão, enquanto os argumentos contra a pesca esportiva merecem consideração séria, é possível buscar um equilíbrio que permita a prática do esporte de forma mais ética e sustentável.

O diálogo entre pescadores, ambientalistas, cientistas e legisladores é fundamental para encontrar soluções que respeitem tanto o bem-estar dos animais quanto os benefícios socioeconômicos e de saúde associados à pesca esportiva.

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Pescador amador e entusiasta, nutre uma paixão profunda pelo Rio Araguaia, onde mantém uma residência na encantadora região de Itacaiú Britânia, em Goiás, Brasil.