Sou Anderson Alves, pescador apaixonado pelas águas brasileiras, onde a diversidade de peixes é tão vasta quanto a extensão dos nossos rios. Hoje, quero compartilhar com vocês tudo o que aprendi sobre um peixe que, apesar de ser frequentemente subestimado, possui um lugar especial nas águas e no coração dos pescadores: o mandi.

O mandi, conhecido cientificamente como Pimelodus maculatus e popularmente chamado de mandi-amarelo, mandi-chorão ou surubim-bagre, é um peixe de couro muito comum em várias regiões do Brasil.

Este peixe, pertencente à família Pimelodidae, pode ser encontrado em diversas bacias hidrográficas do país, desde a Amazônia até as regiões sulistas, passando pelos rios Araguaia-Tocantins, Prata e São Francisco.

Vou detalhar cada aspecto deste peixe fascinante, incluindo suas características, hábitos alimentares, técnicas de pesca, e a importância da sua preservação.

Características do Peixe Mandi

O mandi é um peixe de couro, o que significa que ele não possui escamas, mas sim uma pele lisa e resistente. Seu corpo é alongado e ligeiramente comprimido, especialmente na região próxima à nadadeira dorsal, que se afunila em direção à cabeça e à cauda.

Um dos traços mais marcantes do mandi são seus barbilhões, longos filamentos localizados nas maxilas que se estendem até a metade do corpo. Estes barbilhões são sensores poderosos que ajudam o mandi a encontrar alimentos no fundo dos rios, onde ele habita.

A coloração do mandi varia de acordo com a espécie e o ambiente em que vive, mas geralmente, sua pele apresenta um tom pardo na região dorsal, passando para amarelado nos flancos e branco no ventre.

Um detalhe curioso são as manchas escuras que percorrem seu corpo, geralmente de três a cinco séries, conferindo-lhe uma aparência única. O mandi pode atingir até 50 centímetros de comprimento e pesar até 3 quilos, embora o tamanho médio fique em torno de 20 a 30 centímetros.

Outro aspecto importante é o ferrão que o mandi possui nas nadadeiras dorsal e peitorais. Este ferrão é uma arma de defesa contra predadores e pode causar ferimentos dolorosos, já que possui um muco tóxico que, ao entrar em contato com a pele, provoca dor intensa e, em casos mais graves, infecções.

Distribuição Geográfica e Habitat

O mandi é um peixe extremamente adaptável, encontrado em praticamente todas as bacias hidrográficas brasileiras.

Ele prefere águas tranquilas e remansos nas margens dos rios, especialmente aqueles com fundo de areia e cascalho, onde ele pode se esconder e caçar suas presas. É comum encontrá-lo em rios de grande porte, como os das bacias Amazônica, do Paraná e do São Francisco.

Essa ampla distribuição geográfica também se estende a outros países sul-americanos, como as Guianas, Venezuela, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina, onde espécies do gênero Pimelodus são igualmente populares.

Alimentação

O mandi é um peixe onívoro, o que significa que sua dieta é bastante variada. Ele se alimenta de uma ampla gama de itens, incluindo larvas de insetos, algas, moluscos, pequenos peixes e fragmentos de vegetais.

Essa diversidade na dieta torna o mandi um peixe extremamente resiliente, capaz de sobreviver em diferentes tipos de ambiente, desde os mais ricos até os mais escassos em recursos alimentares.

Uma curiosidade interessante é que, apesar de ser um peixe de hábitos noturnos, o mandi pode ser encontrado se alimentando a qualquer hora do dia, especialmente em locais onde a oferta de alimentos é abundante.

Isso faz com que a pesca do mandi seja uma atividade que pode ser realizada tanto de dia quanto de noite, aumentando as chances de sucesso dos pescadores.

Reprodução

O período reprodutivo do mandi coincide com as épocas mais quentes e chuvosas do ano, tipicamente entre a primavera e o verão.

Durante essa fase, o mandi prefere desovar em pequenos afluentes, onde as águas são mais calmas e as condições ambientais favorecem o desenvolvimento dos ovos. Após a desova, os pais não cuidam da prole, o que é comum entre os peixes de couro.

Essa característica reprodutiva destaca a importância de preservar os habitats naturais do mandi, especialmente os pequenos afluentes e remansos que servem de berçário para as novas gerações.

A degradação desses habitats, seja por poluição ou intervenção humana, pode ter um impacto devastador sobre as populações de mandi.

Experiências Pessoais

Tenho muitas histórias para contar sobre minhas pescarias de mandi aqui no Rio Araguaia, em Itacaiú, onde tenho um rancho. Ao longo dos anos, já fisguei muitos mandis nessas águas, mas, infelizmente, a abundância desse peixe tem diminuído bastante.

Lembro-me de quando era comum capturar mandis grandes e saudáveis, mas hoje, eles estão cada vez mais escassos e menores. A situação tem se agravado devido a uma combinação de fatores ambientais que afetam a reprodução desses peixes.

Além disso, a grande quantidade de botos na região tem reduzido significativamente a população de mandis, pois eles são uma das principais fontes de alimento desses mamíferos.

Essa mudança é preocupante, pois o mandi sempre foi um peixe popular entre os pescadores da região, tanto para subsistência quanto para a venda em mercados locais.

No entanto, com a diminuição das capturas e a redução no tamanho dos exemplares, é evidente que a pressão sobre as populações de mandi tem sido grande.

Essa experiência me mostrou como a natureza é sensível e como a ação conjunta de vários fatores, incluindo a predação natural pelos botos, pode impactar drasticamente a vida no rio.

Técnicas de Pesca

Pescar mandi pode ser uma atividade extremamente gratificante, tanto pela luta que o peixe proporciona quanto pela técnica envolvida.

A melhor maneira de fisgar um mandi é utilizando equipamento leve a médio, com linhas de 10 a 14 libras e anzóis de até n° 2/0. A pesca pode ser realizada tanto com varas de molinete quanto com varas de bambu, dependendo do local e da preferência do pescador.

As iscas naturais são as mais eficazes para a pesca de mandi. Minhocas, pequenos peixes ou pedaços de peixe, e até mesmo queijo prato, são altamente recomendados.

Em regiões onde o mandi é abundante, como no Pantanal, os pescadores costumam utilizar também fígado de boi e frango com groselha como isca, devido ao forte odor que atrai o peixe.

Uma técnica bastante popular é a pesca de mandi na rodada, especialmente em corredeiras. Esse método envolve lançar a isca na correnteza e deixar que ela seja levada rio abaixo, enquanto o pescador mantém a linha tensionada, pronto para fisgar o peixe assim que ele morder.

Essa técnica é especialmente eficaz nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde, quando o mandi está mais ativo.

Curiosidades

Um fato interessante sobre o mandi é que, devido ao seu ferrão tóxico, ele é considerado por alguns especialistas como um peixe peçonhento. O ferrão do mandi pode causar lesões que, embora geralmente não sejam fatais, podem provocar muita dor e complicações como infecções. Por isso, é essencial manusear esse peixe com cuidado, utilizando luvas ou ferramentas apropriadas para evitar acidentes.

Outra curiosidade é que o mandi, apesar de sua popularidade entre os pescadores, é frequentemente subestimado em comparação com outros peixes mais “nobres”, como o dourado ou o pintado. No entanto, sua importância ecológica e cultural não deve ser subestimada. Em muitas comunidades ribeirinhas, o mandi é tão valorizado quanto qualquer outro peixe de maior porte.

Preservação e Sustentabilidade

Assim como outros peixes de água doce, o mandi enfrenta ameaças significativas devido à degradação de seu habitat natural e à sobrepesca.

A preservação das áreas de desova e a implementação de práticas de pesca sustentável são essenciais para garantir que futuras gerações possam continuar a desfrutar da pesca do mandi.

Uma prática recomendada é o “pesque e solte”, especialmente para exemplares maiores que já alcançaram a maturidade sexual. Isso ajuda a manter a população saudável e a garantir que o ciclo de vida do peixe não seja interrompido.

Além disso, respeitar os tamanhos mínimos de captura e os períodos de defeso é crucial para a conservação da espécie.

Perguntas frequentes

O que tem no ferrão do Mandi?

O ferrão do mandi contém um muco tóxico que serve como mecanismo de defesa. Esse muco é liberado quando o ferrão penetra na pele, causando dor intensa e, em alguns casos, pode provocar infecções.

Porque o ferrão do Mandi dói tanto?

A dor causada pelo ferrão do mandi é devido ao veneno presente no muco tóxico que cobre o ferrão. Quando o ferrão perfura a pele, esse veneno entra em contato com o tecido, causando uma dor aguda e intensa. Além disso, o veneno pode levar à inflamação e infecção da área afetada.

Quais são os tipos de Mandi?

Existem várias espécies de mandi dentro do gênero Pimelodus. Os tipos mais comuns incluem o mandi-amarelo (Pimelodus maculatus), o mandi-chorão, e o surubim-bagre. Cada espécie pode ter variações na coloração e no tamanho.

Qual o tamanho máximo do peixe Mandi?

O mandi pode atingir até 50 centímetros de comprimento total e pesar até 3 quilos, embora o tamanho médio varie entre 20 a 30 centímetros, dependendo da espécie e das condições ambientais.

O que é que peixe mandi come?

O mandi é um peixe onívoro, alimentando-se de uma variedade de itens como larvas de insetos, algas, moluscos, pequenos peixes, frutos, sementes e fragmentos de vegetais. Sua dieta diversificada o torna um peixe bastante adaptável.

O que é bom para pegar Mandi?

As melhores iscas para pescar mandi são as naturais, como minhocas, pequenos peixes ou pedaços de peixe, fígado, e frango com groselha. Essas iscas são eficazes devido ao forte odor que atrai o mandi, especialmente em águas mais turvas.

Qual o tamanho de anzol para pegar Mandi?

O tamanho ideal de anzol para pescar mandi varia entre n° 2/0 e n° 8, dependendo do tamanho do peixe e do tipo de pesca. Anzóis menores são eficazes para capturar mandis menores, enquanto anzóis um pouco maiores são recomendados para exemplares maiores.

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Pescador amador e entusiasta, nutre uma paixão profunda pelo Rio Araguaia, onde mantém uma residência na encantadora região de Itacaiú Britânia, em Goiás, Brasil.